Nesta segunda-feira, ocorreu a eleição para os representantes dos trabalhadores no conselho universitário da USP (CO). A eleição foi marcada por problemas causados pela reitoria, com falhas que tiraram do ar por duas horas e meia o sistema de votação, além de durante todo o dia o sistema apresentar instabilidade. Mais um exemplo de uma reitoria antidemocrática que controla a forma de eleição dos representantes dos funcionários, tirando dos trabalhadores o direito a controlar a eleição dos seus próprios representantes.

Neli, Marcello Pablito e Samuel foram eleitos pela Assembleia dos Trabalhadores da USP, no último dia 5 de agosto, como os candidatos que se comprometem perante a Assembleia a respeitar suas deliberações em detrimento de quaisquer interesses próprios. Isso é uma demonstração da democracia dos trabalhadores.

O sindicato é um instrumento dos trabalhadores reconhecido por eles para representa-los contra os patrões, no caso, a reitoria. O Estado e os patrões foram obrigados, pela luta dos trabalhadores no mundo todo, a “engolir” a existência dos sindicatos como um instrumento legítimo de luta. Esse reconhecimento, porém, não impede que governos e patrões busquem controlar os sindicatos, através do que chamamos de burocracia sindical, ou mesmo quebrar sua representatividade, buscando deslegitimar essa ferramenta e seus representantes. A reitoria faz o mesmo com um sindicato combativo como o SINTUSP, buscando deslegitimar nossas ferramentas de luta, nossos fóruns de deliberação e atuando para nos dividir.

O que é democracia dos trabalhadores e por que votar nossos candidatos na assembleia?

O Conselho Universitário é um organismo da USP: exemplar em demonstrar a falta de democracia na universidade com sua estrutura de poder engessada e elitista. Estudantes, que são a maioria da universidade, têm apenas 15 membros e funcionários apenas 3, num total de 166 membros, dentre diretores de unidade e representantes de congregação, além de outros 18 convidados escolhidos a dedo pelo Reitor da Universidade. Nesse espaço tão antidemocrático, é fundamental ter representantes eleitos por nós, que assumam o compromisso diante da categoria de obedecer às deliberações votadas nas assembleias e fóruns legítimos controlados pelos trabalhadores, ao invés de interesses próprios. Por isso é tão importante a Assembleia dos Trabalhadores e por isso mantemos como método contra o autoritarismo da reitoria que nos impede de controlar a forma como elegemos os nossos próprios representantes: a escolha dos candidatos na Assembleia.

Qualquer trabalhador pode apresentar seu nome na assembleia, suas ideias e assumir esse compromisso com a categoria: de obedecer às suas decisões! Isso é uma demonstração de fortalecimento do nosso instrumento de luta e um antídoto contra possíveis carreiristas, puxa-sacos e representantes da patronal. Em vários momentos, apresentaram-se mais de 3 candidatos nas assembleias, que, a partir do debate de político, decidiram quem iriam ser seus candidatos. Isso garante não nos dividir na hora de golpear a reitoria e seus ataques. Por isso, a confirmação da eleição de Neli, Marcello Pablito e Samuel é uma demonstração da força dos trabalhadores e do seu instrumento de luta, mesmo diante de tantas dificuldades criadas pela reitoria.

Assim, saudamos a vitória da democracia dos trabalhadores com esse resultado espetacular e saímos fortalecidos para combater o desmonte da universidade, os ataques à permanência estudantil, o avanço da precarização e terceirização e a privatização da universidade.

A reitoria para confundir e deslegitimar divulga o número de 3390 votos brancos, mas isso não significa que 3390 pessoas votaram em branco. Isso porque é possível votar em até 3 nomes, mas algumas pessoas escolhem votar em apenas um ou dois, seja por decisão própria, seja por confusão: por não entender que pode votar em até três pessoas.