No Estado de São Paulo, se avança o projeto de militarização das escolas e recentemente o governador Tarcísio de Freitas do Republicanos junto ao seu secretário da Educação, Renato Feder, divulgaram uma lista com mais de 2 mil escolas que poderiam se tornar cívico-militares. Dessa lista, 302 escolas manifestaram interesse em avançar nessa mudança, sendo que muitas dessas manifestações de interesse foram dadas de forma arbitrária por parte de suas gestões, totalmente por fora de suas comunidades ficarem sabendo disso ou por discussões em conselhos escolares.

Na própria zona Oeste da cidade de São Paulo, 6 escolas manifestaram interesse. Uma delas, a Escola Estadual Professor Manuel Ciridião Buarque, recebe dezenas de estudantes estagiários por ano,  pois consta no Guia de escolas da FEUSP, e já foi uma das diversas escolas ocupadas pelos estudantes secundaristas em 2015 na luta contra a precarização do ensino. Com o avanço deste projeto por lá, certamente também diz respeito ao próprio governo querer tentar inibir qualquer resistência numa escola que já foi a linha de frente na luta contra ataques à educação em São Paulo.

Trata-se de um projeto extremamente reacionário que já vem sendo implementado por outros Estados tornando-se um grave ataque à Educação, pois desvaloriza a carreira docente, ao substituir os professores por policiais para darem aulas dentro de sala de aula. Além disso, também torna-se um ataque à juventude dado que há inúmeras denúncias de racismo e repressão tanto comportamental como ideológica em escolas que foram militarizadas em outros lugares.

Algo que mais de fundo se alinha com os objetivos de Tarcísio tanto para a Educação e ao serviço público de conjunto, como para a juventude. Não à toa, este mesmo governo se orgulha das chacinas ocorridas na Baixada Santista e carrega consigo altos índices de mortes cometidas por policiais, sendo 344 apenas entre janeiro e junho deste ano.

Essa mesma repressão também está a serviço de manter os seus ataques privatistas e retiradas dos direitos dos trabalhadores do Estado, como sucedeu na venda da SABESP em que manifestantes foram presos na votação na Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo ou quando estudantes e professores foram agredidos e reprimidos durante a aprovação neste mesmo lugar contra o próprio projeto de militarização das escolas.

Dentro da USP, já sabemos que a entrada da polícia numa instituição de ensino está longe de ser vinculada à garantia de segurança, vimos greves estudantis e de trabalhadores contra o convênio da universidade e a Polícia Militar que na realidade só serviu para implantar bases e avançar na repressão ao movimento estudantil e de trabalhadores, como foi o enorme operativo que reprimiu brutalmente estudantes e trabalhadores na luta contra os Parâmetros de Sustentabilidade em 2017 e que a comunidade universitária paga um preço até os dias de hoje dado as consequências catastróficas como a retirada de direitos, falta de contratações e PDVs advindos deste processo. Tudo isso alinhado com a polícia para que seja garantida a qualquer custo propostas que foram verdadeiros ataques à universidade. Mesmo institucionalmente a marca da militarização opera de maneira repressiva quando temos um Estatuto oriundo do regime militar e que abre precedentes para a perseguição de estudantes, professores e trabalhadores.

Por isso, nós do Sindicato dos Trabalhadores da USP (SINTUSP), repudiamos totalmente as escolas cívico-militares e nos colocamos à disposição para lutar contra este ataque ao lado dos estudantes, trabalhadores da educação e demais servidores públicos, assim como ao lado da população de conjunto.

O próximo passo de Tarcísio e disso ser aprovado via consulta para as comunidades escolares, podendo ser online e seguindo o atravessamento da discussão democrática que vem norteando este projeto até então. Por isso reforçamos a necessidade das comunidades se articularem contra essa mudança, exigindo a democracia e os debates necessários para o enfrentamento deste e dos demais ataques do governo.