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Há mais de 70 dias, técnicos administrativos e docentes da educação federal estão em greve por reajuste salarial, pela reestruturação da carreira e contra a política de cortes históricos de verba para a educação. A defasagem salarial entre os técnicos administrativos chega a alcançar 34,2% em relação ao aumento de preços e à inflação – ou seja, o salário consegue adquirir cada vez menos produtos da cesta básica, cujo preço aumenta anualmente. Essa situação é resultado de quase uma década de cortes na educação, que totalizam um déficit bilionário – cerca de 8 bilhões retirados de ciência e educação – e das reformas implementadas pelos governos reacionários de Temer e Bolsonaro, que continuam sob a administração de Lula-Alckmin.

Tanto é assim que a última proposta (feita no dia 27 de maio) apresentada pelo governo de Lula-Alckmin aos grevistas das Universidades Federais foi de 0% para a educação federal em 2024. É a prova de que este governo de conciliação de classes está disposto a defender o projeto neoliberal a ferro e fogo. Para além dessa proposta ultrajante, após mais de dois meses de greve, o governo federal provocou os grevistas afirmando que esta seria “a última proposta”. No entanto, a maioria das assembleias de base rejeitou amplamente esse disparate.

Até o momento, 58 instituições federais recusaram a proposta do governo. Mesmo entidades ligadas ao PROIFES, reconhecido por defender o governo, estão rejeitando a proposta. O movimento grevista decidiu enfrentar a provocação do governo Lula-Alckmin e a tentativa do governo de dividir o movimento de greve das federais, negociando separadamente com técnicos administrativos e professores, fracassou por enquanto. No entanto, o risco persiste, especialmente após a traição do PROIFES, que aceitou unilateralmente a proposta do governo, apesar da rejeição geral da categoria. Esta manobra visa dividir e enfraquecer a greve, favorecer o governo Lula-Alckmin e abandonar todas as categorias e os próprios docentes em luta.

Com o ultimato da “última proposta”, o governo Lula-Alckmin mostra claramente ser um governo de conciliação de classes, que atua em benefício dos banqueiros, empresários e da direita, apoiando o projeto neoliberal do capital financeiro e mantendo o pagamento da dívida pública e os interesses dos empresários da educação privada. Para isso, foi criado o Arcabouço Fiscal, o novo teto de gastos, elaborado pelo ministro da Fazenda do PT, Fernando Haddad. Portanto, o governo Lula-Alckmin demonstra não estar do lado da educação, dos trabalhadores ou dos que lutam nas universidades federais.

A classe trabalhadora é uma só e a luta das companheiras e companheiros da educação federal é um exemplo e deve inspirar também aos trabalhadores e estudantes da Universidade de São Paulo. Apenas através da organização e luta independente dos trabalhadores da educação, docentes e estudantes será possível dobrar à força esses governos que oferecem bilhões de reais em benefícios e armamentos para a polícia promover chacinas, como a da baixada santista, uma das maiores da história do Estado de São Paulo, e para as privatizações aqui representadas pelo reacionário governador Tarcísio de Freitas e apoiadas pelo governo Lula-Alckmin, que vem oferecendo bilhões em ajuda financeira para esse projeto. Por isso, a partir do SINTUSP prestamos toda nossa solidariedade e nos colocamos à disposição para auxiliar nas medidas de luta das trabalhadoras e trabalhadores, docentes e não docentes da educação federal.

São Paulo, 28 de maio de 2024