Os últimos dias têm sido de muita tensão para os trabalhadores da USP por causa da nova cepa da Covid-19, que se propaga em velocidade espantosa, além de um surto inesperado (em pleno verão) de gripe, também com uma variante bem agressiva.

Mas espantoso mesmo tem sido a reação de algumas unidades da USP quando os trabalhadores apresentam sintomas. Não há uma regra geral, o tal comitê de monitoramento “desapareceu” e ficamos por conta do “esclarecimento” ou “negacionismo” do chefe ou dirigente de cada local.

Via de regra, só se afasta aquele que tem atestado médico. Se não o tem, continua trabalhando e contaminando os colegas. Mesmo aqueles com pessoas na família que testaram positivo.

O absurdo é que a USP manda seus trabalhadores procurarem o super sobrecarregado sistema público de saúde para fazer o teste e saber se tem ou não Covid ou Influenza.

É sabido que o sistema público só testa quem tem sintomas mais graves. Aliás, temos visto “autoridades” médicas recomendarem que só os casos mais graves se dirijam aos postos de atendimento. Enquanto isso, o trabalhador da USP, na maioria das unidades, continua tendo que frequentar presencialmente o local de trabalho, “socializando” os seus vírus.

Para piorar o catastrófico quadro, há unidades onde já se fala em reduzir a “quarentena” para apenas cinco dias, desprezando a conhecida janela imunológica de transmissão.

Muito embora a variante Ômicron pareça ser menos letal – principalmente para os vacinados – as consequências de sua dispersão são imprevisíveis e a morte não é um cenário distante.

E os protocolos da USP? Foram para o lixo?

Importante lembrar que durante toda a Pandemia (aliás, durante toda a gestão Vahan) o diálogo da Reitoria com os trabalhadores foi bem escasso.

Sobre a Covid-19, conhecemos as regras e procedimentos a serem seguidos através de documentos emitidos por um distante e inacessível “Grupo de Trabalho Plano de Readequação para o Ano Acadêmico (GTPRAA)”.

E nem mesmo as medidas de prevenção propagadas por esse grupo, muitas baseadas nas normas do Ministério da Saúde, são hoje respeitadas (Veja o Boletim Especial do Sintusp, publicado no dia 17/06/2021, que fez um balanço da atuação do GT-PRAA).

Em um documento publicado em 18/8/2020, o GT-PRAA recomendava, por exemplo, afastar ou manter em teletrabalho, por 14 dias no mínimo, as pessoas com diagnóstico confirmado “mesmo quando apresentem condições físicas de saúde que possibilitem o trabalho presencial”. E ainda: “O mesmo se aplica para aqueles que tiveram contato com infectado pela Covid-19 nos últimos 14 dias”.

Nossa pergunta é: se a atual variante é ainda mais transmissível, porque “esquecer” essa regra tão importante para barrar o vírus?

Também estamos vendo que várias regras de ouro vão sendo esquecidas no dia a dia da universidade. É comum ver pessoas circulando sem máscara no interior de algumas unidades, notadamente nas copas. Não há qualquer controle de temperatura nas entradas. Na maioria dos locais de atendimento, os protetores fixos de acrílicos não foram instalados, nem as marcações de solo que indicam a distância necessária entre as pessoas nas filas. Álcool em gel, quando tem, é geralmente ignorado. E nesse cenário é cada vez mais cotidiano o relato de novos companheiros contaminados.

Imaginem agora quando voltarem os docentes e os estudantes, muitos inclusive ainda sem a dose de reforço. O que será de nós?

Estamos sendo alarmistas? Ou estamos pedindo que os dirigentes desta conceituada universidade previnam o caos?

O SINTUSP está enviando ofício à reitoria, pedindo reunião urgente sobre essa preocupante situação. Será que no apagar das luzes da administração Vahan, teremos uma resposta? Ou vamos ter que esperar Carlotti sentar na cadeira de REItor para tomar uma providência?

Cada dia pode significar uma vida! É urgente uma resposta à comunidade. E não espere a Reitoria. Faça sua parte, mantenha os protocolos de segurança: máscara durante todo o tempo, higienização constante das mãos e distanciamento. Inclusive não aceite trabalhar em ambientes fechados, com ar condicionado e com muitas pessoas. É aí que mora o maior perigo.