Há algo de podre no reino da USP! A Universidade de São Paulo, nos seus 90 anos de existência faz demagogia querendo se mostrar inclusiva, mas está bem longe disso. Denúncias do processo de avaliação e das injustas e excludentes cláusulas para a progressão de carreira tomaram conta da caixa postal de e-mails do sindicato. Nas unidades verificamos situações dramáticas que demonstram como o processo de avaliação foi extremamente problemático e como a progressão foi feita com regras baixadas pelo REI[tor]zinho mandão de forma arbitrária depois que o jogo já havia começado e sem nenhuma possibilidade de recurso, um direito elementar.

Uma dessas situações envolve um trabalhador negro com 48 anos de USP que até hoje está no NÍVEL 1!!!! Depois de quase 50 anos de dedicação à universidade, tendo inclusive nas suas próprias mãos o registro das lesões que sofreu ao longo de quase 5 décadas de trabalho na Gráfica da FFLCH, ele, junto com outros colegas, não poderá concorrer à progressão pois o setor inteiro não entendeu as perguntas nada objetivas da avaliação. Por escrito está registrado diversos elogios ao funcionário, demonstrando com ele sempre teve uma postura exemplar. Mas na hora de colocar no campo correspondente “sempre, frequentemente, às vezes e raramente” entenderam que se referia à frequência em que se apresentava situações críticas e não a postura do funcionário diante de tal situação. Um erro compreensível uma vez que já haviam descrito nos campos a postura do funcionário. Mas nada disso foi considerado.

Tudo que nos matamos de escrever, com longos exemplos do que fazemos no cotidiano, não valeu de nada. Se a chefia ou mesmo o funcionário na hora de assinalar o campo “quantificável” das respostas se equivocou, ele foi excluído. Não teve curso. Não teve esclarecimento. Não teve possibilidade de revisão. Não teve recurso. E o pior, só depois que o apito foi dado e o “jogo da reitoria” havia se iniciado descobrimos que não estávamos aptos a concorrer. Fica a pergunta: que “Xou” da USP é esse? Show de injustiça e elitismo. E soubemos que o Reizinho mandão se recusa a atender ao apelo dos diretores de unidade pela reabertura da avaliação.

São mais de DEZ anos sem direito à carreira! A arbitrariedade do REItor custará ao bolso dos trabalhadores excluídos da progressão mais de mil reais por mês. Para uma mãe ou um pai de família, ou alguém endividado, uma quantia enorme. Para o trabalhador da gráfica da FFLCH excluído do processo, ele que é o último estatutário da unidade e já tem 72 anos, o fim da possibilidade de ter uma aposentadoria integral como T2, o mínimo depois de deixar quase meio século da sua vida dedicados à universidade. Para os cofres da USP, nada. São mais de 6 bilhões em caixa e um comprometimento das receitas bem abaixo de 85%, fruto do arrocho salarial.

Se engana quem pensa que são poucos os casos de injustiças na USP. No SESMT uma funcionária do turno da tarde foi avaliada por uma chefia que trabalha no turno da manhã que desconhece seu trabalho. Ao interpelar a chefia, ouviu como resposta: “Escrevi o que ouvi falar”! Oras, então a avaliação de uma funcionária, que ficará registrada no sistema, no seu prontuário e que servirá para ela NÃO poder concorrer a uma progressão depois de anos de serviço, se baseou em “ouvir falar”?! Isso não é um clube de fofocas, ou é?

No pool de motoristas uma única chefia teve que realizar 33 avaliações e PDIs. Resultado: ninguém foi de fato avaliado com o cuidado necessário e o PDI não foi feito com a presença do funcionário. No Almoxarifado do HU a chefia avaliou mal 15 funcionários, rifando-os do processo de progressão na carreira. Detalhe, o setor conta com 18 funcionários no total.

No CSEB, depois de diversas denúncias de assédio moral e racismo levantadas pelos trabalhadores, todo o setor de enfermagem foi mal avaliado por um chefe que diz “não confiar” nos trabalhadores. Esses são alguns exemplos dos problemas que a avaliação apresentou e que explicitam o longo histórico de assédio moral a que os trabalhadores estão sendo submetidos na USP.

Como nas terras uspianas as coisas têm dois pesos e duas medidas e os amigos do REItor gozam de uma série de privilégios, é escandaloso saber que a vice-reitora continua recebendo pouco mais de 2 mil reais e exercendo seu mandato mesmo com o questionamento do Ministério Público. Pela lei, Maria Arminda, que já tem mais de 75 anos, deveria estar compulsoriamente aposentada e retirada das suas funções. No entanto, ela pôde apresentar defesa e recurso à corte e continuou recebendo a verba de representação, sem nenhum prejuízo financeiro. Os trabalhadores da USP, não. Nem direito ao mais elementar da lei, o direito de apresentar recurso diante de uma decisão sobre os seus direitos.