Em meio à necessidade cada vez maior da categoria de se organizar para lutar, nosso sindicato atravessa uma grave crise financeira e se encontra com o índice de filiação mais baixo de toda sua história.

Depois de dois PIDVs e de mais de oito anos praticamente sem contratações, a composição da categoria está reduzida à menos de treze mil funcionárias(os) o número de sócias(os) do nosso sindicato caiu para pouco mais de dois mil sindicalizadas(os), ou seja, o sindicato perdeu, praticamente, a metade dos seus sindicalizados, e com isso a sua receita mensal caiu na mesma proporção, fazendo a situação que sempre foi difícil se tornar insustentável.

Para levar adiante, com a força necessária, a luta da categoria em defesa dos empregos ameaçados pela terceirização e precarização do trabalho e pelo desmonte da universidade; para levar a luta defesa salários e dos direitos, vamos precisar de um sindicato forte política e financeiramente. Para temos duas tarefas: a primeira é manter uma campanha permanente pela filiação do maior número possível de trabalhadoras e trabalhadores ao sindicato; a segunda é aprovar o desconto da contribuição negocial e discutir com todos os companheiros e companheiras que ainda não são sindicalizados para que excepcionalmente aceitem pagar uma contribuição negocial de 4% dividida em quatro vezes de 1%.

E para facilitar esse trabalho, trazemos nesse boletim um breve resumo das conquistas mais importantes da categoria, através das lutas impulsionadas pelo SINTUSP, sem as quais, hoje a vida seria praticamente impossível.

Vejam a seguir porque não podemos permitir que nossa história de lutas e conquistas sejam apagadas!

Oficialmente, o SINTUSP foi fundado em 28 de outubro de 1988, mas, na verdade, sua história de luta começou a partir da histórica greve de 1979, quando o SINTUSP ainda se chamava ASUSP.

Desde a greve geral do funcionalismo público de São Paulo, em 1979, até 28 de outubro de 1988 houve muitas lutas. Aqui vamos falar de duas: a primeira foi a própria greve de 1979 que conquistou um reajuste salarial de CR$ 2.000,00 (dois mil Cruzeiros) fixos para todo mundo, o que praticamente dobrou o piso salarial do funcionalismo público do estado, incluindo o da USP. A segunda foi a greve de 1986 que conquistou a primeira carreira, cujo enquadramento aumentou em mais de 100% o piso salarial da categoria e tirou a USP da vala comum do funcionalismo público do estado.

Essas foram duas lutas cujas conquistas contribuíram decisivamente para a composição dos salários que temos hoje.

Depois tivemos a poderosa greve de 1988, durante a qual foi realizada a assembleia histórica dos sócios da ASUSP, que deliberou, soberanamente, transforar a nossa antiga associação no primeiro sindicato de funcionários públicos do Brasil: assim, a ASUSP se tornou SINTUSP! Num período em que a inflação mensal girava acima dos 20% e a política salarial nacional era de reajustes mensais pela URP (Unidade Real de Preços) o governo reajustava os salários a cada três meses, tornando a vida quase impossível. Mas, com essa greve arrancamos um reajuste de 80% em outubro de 1988, mais 15% em novembro, 15% em dezembro do mesmo ano e mais 60% em janeiro de 1989.

A soma dos quatro reajustes conquistados pela categoria naquela greve foi de 280,88 %. Hoje não seria possível sobrevir sem aquele reajuste que também compõe nossos salários atuais.

Graças àquela greve, conquistamos também a autonomia universitária e mais uma sequência de reajustes mensais, pela inflação, cujas somas compõe 8,4% em 1990, 34% em 1991, 30% em 1992, mais 46% em 1993. Todas essas conquistas, também compuseram a base para os salários atuais.

Depois disso, tivemos a greve de 2000, que durou 56 dias sendo uma das mais fortes da nossa história, começou antes da data base, se espalhou como um rastilho de pólvora e conseguiu arrancar 24,52% de reajuste parcelado em três vezes: sendo 11,25% na data base, mais 6,7% em outubro e mais 4,9% em janeiro de 2001. Sem as conquistas daquela greve, nossos salários estariam muito abaixo dos atuais. Mas essa também foi uma greve, unificada com os estudantes, pois lutou em defesa da gratuidade do ensino nas universidades públicas, derrotando um projeto de lei que instituiriam a cobrança de mensalidades.

Em 2004, depois do CRUESP insistir no congelamento dos salários, durante cinco tentativas de negociação, acabamos arrancando, com a força da greve, um reajuste de 7,05%.

Nos anos de 2005 e 2006, fizemos duas greves em defesa do aumento das verbas das universidades.

Em 2007, voltamos a lutar junto com os estudantes, pelos nossos salários, mas também em defesa da autonomia universitária, contra uma serie de decretos do então governados Jose Serra, que liquidavam a autonomia das universidades. Foram 56 dias de greve, sendo 51 dias de ocupação da reitoria. Com isso derrotamos o governador e seus decretos e arrancamos um reajuste de 4,87%.

Em 2009, arrancamos com a força da greve uma das maiores conquistas da categoria e do sindicato: 5214 (cinco mil e duzentos e quatorze trabalhadores e trabalhadoras da USP que ocupavam vagas, criadas de forma irregular pela reitoria, seriam obrigadas(os) por determinação do tribunal de contas a prestar um novo concurso público, para vagas criadas pelo poder legislativo (ALESP) de acordo com a constituição. A maioria daquelas(os) companheiras(os) corria o risco de não passar no novo concurso e terminar desempregadas(os). Com a força da greve e muita determinação, o SINTUSP conseguiu abrir negociações no com o tribunal de contas, o que permitiu avançar para o reconhecimento e a regularização daquelas 5214 vagas garantindo assim a manutenção do emprego de 5214 trabalhadoras e trabalhadores da USP.

Em 2010, fizemos outra greve em defesa dos salários, sofremos desconto dos dias parados, em resposta, ocupamos a reitoria por mais de 30 dias e forçamos o reitor Rodas a pagar os dias que havia descontado.  Nessa greve, além do reajuste salarial, arrancamos uma referência para todas(os) funcionárias(os) e a nova carreira, implantada em março de 2011.  Com a implantação da nova carreira conseguimos uma elevação de 29% no piso do grupo básico, 56% de elevação no piso do grupo técnico e 48% no do grupo superior.  Além da elevação dos pisos salariais, a primeira e a segunda etapa do enquadramento garantiram aumentos consideráveis dos salários para a maioria das(os) funcionárias(os). Sem dúvida, essa foi uma das greves que arrancaram as conquistas salariais mais importantes da nossa categoria.

Em 2014, primeiro ano da nefasta gestão do nefasto reitor Zago, foi iniciado um processo de demonização das(os) funcionárias(os) da USP, nos responsabilizando por uma suposta crise financeira da universidade. Com isso tentou impor um congelamento dos salários, bem como a desvinculação dos hospitais HU e HRAC. Então iniciamos uma poderosa greve, que durou 118 dias, em defesa dos salários e da manutenção dos dois hospitais. Enfrentamos uma dura repressão, sofremos três meses de descontos de salários, mas, a categoria e o sindicato não recuaram e após praticamente quatro meses de greve, conseguimos arrancar um reajuste de 5,2%, mais a devolução dos salários que haviam sido descontados e conseguimos salvar um dos hospitais, o HU.

Se não fosse a greve, a combatividade do sindicato e da categoria, a reitoria teria desvinculado os dois hospitais e instituído o congelamento dos salários e dos benefícios! Com isso, estaríamos hoje numa situação ainda mais difícil do que a atual.

Essas foram as principais conquistas da nossa categoria, arrancadas a partir das greves organizadas pelo sindicato e conduzidas com muita firmeza e determinação pela vanguarda organizada nos comandos de greves, impulsionados pelo nosso sindicato, mas houve muitas outras: como o V.A, o VR e Auxílio Educação Especial. 

Essa história de lutas e conquistas da nossa categoria, é o que nos permite resgatar e atualizar o quanto foi importante para os trabalhadores e trabalhadoras da USP ter e contar com um sindicato combativo, independente do estado e dos patrões, para organizar e impulsionar as lutas por suas reivindicações. Esse resgate do papel imprescindível, cumprido pelo SINTUSP, nessa trajetória de lutas e conquistas da nossa categoria, é importante neste momento em que a categoria de conjunto precisará debater e tomar uma decisão sobre a manutenção e o fortalecimento político e financeiro do seu sindicato.