Nesse processo de avaliação de desempenho imposto pela reitoria, logo de cara salta aos olhos o método burocrático e autoritário que impôs essa avaliação. Sem diálogo com a categoria e seus representantes, a toque de caixa e sem esclarecimentos. Além disso, o processo de preenchimento da autoavaliação demonstra o caráter excludente e elitista, marca da administração da USP.

A USP é um universo complexo, onde diversos saberes a colocam para funcionar todos os dias. Não há pesquisa nem destaque em rankings internacionais, sem que a universidade como um todo esteja a pleno vapor: seja na garantia da manutenção dos espaços, no serviço de assistência à permanência estudantil, no trabalho administrativo ou no trabalho acadêmico. Embora a USP pesquise e seja premiada pelo desenvolvimento de teses sobre os diversos saberes que compreendem a sociedade, a autoavaliação cobra apenas um: a capacidade de redação e dissertação para responder perguntas absolutamente subjetivas, saídas da cabeça de algum gestor “empreendedorista” neoliberal da empresa contratada, a Growth (que foi formada por pesquisadores da FEA). Um eletricista precisa saber de tensão, quadro de energia e cabeamento. Um jardineiro, de poda de árvores e manejo. Um auxiliar de cozinha, de conservação dos alimentos, porcionamento das refeições etc. Essas são as competências esperadas, remuneradas e essenciais para o desenvolvimento de um trabalho exemplar de altíssimo nível. Não se pede ao reitor, que é médico, que mexa no quadro de energia, não se pede da vice-reitora socióloga, que saiba sobre poda e manejo de árvores e plantas. Por que pedir aos funcionários que dissertem, sob uma lógica empresarial de gestão, as suas competências? A USP, ao que parece, considera apenas um saber e uma competência como algo digno de nota, mas exige dos seus funcionários tudo. E em um prazo curtíssimo. Quando será que poderemos, nós funcionários, avaliar a capacidade de gestão dos gestores como o chefe do DRH, da CODAGE e do reitor?

Foi chamada para esta quinta-feira, 28/8, às 11h, pela Copert a primeira reunião de negociação do Acordo Coletivo, para o qual temos demandas acumuladas, por exemplo, em relação ao não pagamento das horas de recesso e tratamentos de saúde. Vamos levar também os problemas com a autoavaliação e a demanda pela dilatação dos prazos e a necessidade de suporte às unidades, para que todas e todos possam fazer, com qualidade, sua própria avaliação. Por essa razão, chamamos todas e todos a estarem no ato desta quinta-feira, 28/8, 11h, durante a negociação com a COPERT.