Os patrões e os governos patronais do mundo inteiro estão comemorando a queda dos índices de sindicalização dos trabalhadores em todos os países, incluindo o Brasil.

Os banqueiros, os tubarões da indústria, do comércio e do agronegócio nacionais e internacionais comemoram, pois sabem que a crescente crise financeira e de legitimidade dos sindicatos, assim como as traições de dirigentes sindicais que atrelam os sindicato aos partidos e governos patronais, têm como consequências diretas e imediatas a desorganização dos trabalhadores e trabalhadoras, a diminuição e o enfraquecimento das lutas, o que deixa o caminho livre para os governos e os patrões avançarem cada vez mais com as reformas que atacam nossos empregos, nossos direitos sociais e trabalhistas, deteriorando as condições de vida de nossas famílias, tal como Milei está tentando fazer na Argentina, como Macron tentou fazer na França, como Temer e Bolsonaro fizeram no Brasil e, atualmente, tal como Lula, Alckmin, Haddad e o megarreacionário Tarcísio continuam tentando fazer de forma mais profunda.

Na USP, nossa categoria também sofre as consequências das reformas constitucionais e dos demais ataques que retiraram muitos direitos da classe trabalhadora em geral, mas também sofre as consequência das políticas da reitoria e da burocracia acadêmica, de arrocho salarial, desvalorização dos benefícios, de terceirização, desvinculação e desmonte de hospitais, centros de saúde, creches, bandejões, prefeituras e outros órgãos universitários. E, a única forma de deter essa política da reitoria, é com a mobilização e a luta unificada da categoria, em aliança com os estudantes e os professores. Para isso precisamos de um sindicato fortalecido do ponto de vista político e também financeiro.

Entretanto, em meio à necessidade da categoria se organizar para lutar, nosso sindicato encontra-se numa enorme crise financeira e com o índice de filiação mais baixo de toda sua história.

Depois de dois PIDVs e mais de oito anos praticamente sem contratações, a composição da categoria está reduzida a menos de treze mil funcionários(as) o número de sócios(as) do nosso sindicato caiu para pouco mais de dois mil sindicalizados(as), ou seja, o sindicato perdeu, praticamente, a metade dos seus sindicalizados, e com isso a sua receita mensal caiu na mesma proporção, fazendo a situação que era difícil se tornar insustentável. Revitalizar o Sindicato, política e financeiramente, é o desafio colocada para cada trabalhador e trabalhadora da USP, conscientes da necessidade de manter uma ferramenta de luta cada vez mais afiada. Para isso, os delegados e delegadas eleitos pela categoria para o 8º Congresso Estatutário do sindicato indicou o desconto de uma taxa negocial de todos os trabalhadores e trabalhadoras da USP, excluindo os sócios e sócias que já contribuem mensalmente para o sindicato.

Para que os companheiros e companheiras que ainda não se filiaram ao sindicato possam refletir se vale a pena, ou não, contribuir para a manutenção e fortalecimento do SINTUSP, trazemos neste boletim um breve resumos das conquistas mais importantes da categoria, através das lutas impulsionadas pelo SINTUSP, sem as quais, hoje a vida seria praticamente impossível!  Vejam a seguir!

Oficialmente, o SINTUSP foi fundado em 28 de outubro de 1988, mas, na verdade, sua história de luta começou a partir da histórica greve de 1979, quando o SINTUSP ainda se chamava ASUSP.

Desde a Greve Geral do funcionalismo público de São Paulo, em 1979, até 28 de outubro de 1988, houve muitas lutas. Aqui vamos falar de duas: a primeira foi a própria greve de 1979, que conquistou um reajuste salarial de CR$ 2.000,00 (dois mil Cruzeiros) fixos para todo mundo, o que praticamente dobrou o piso salarial do funcionalismo público do estado, incluindo o da USP; a segunda foi a greve de 1986, que conquistou a primeira carreira, cujo enquadramento aumentou em mais de 100% o piso salarial da categoria e tirou a USP da vala comum do funcionalismo público do estado. Essas foram duas lutas cujas conquistas contribuíram decisivamente para a composição dos salários que temos hoje.

Depois tivemos a poderosa greve de 1988, durante a qual foi realizada a assembleia histórica dos sócios da ASUSP, que deliberou, soberanamente, transformar a nossa antiga associação no primeiro sindicato de funcionários públicos do Brasil e assim, a ASUSP se tornou SINTUSP. Num período, em que a inflação mensal girava acima dos 20% e a política salarial nacional era de reajustes mensais pela URP (Unidade Real de Preços) o governo reajustava os salários a cada três meses, tornando a vida quase impossível. Mas, com essa greve arrancamos um reajuste de 80% em outubro de 1988, mais 15% em novembro, 15% em dezembro do mesmo ano e mais 60% em janeiro de 1989.

A soma dos quatro reajustes conquistados pela categoria naquela greve foi de 280,88 %. Hoje não seria possível sobrevir sem aquele reajuste que também compõe nossos salários atuais. Graças àquela greve, conquistamos também a autonomia universitária e mais uma sequência de reajustes mensais pela inflação, cujas somas compõe 8,4% em 1990, 34% em 1991, 30% em 1992, mais 46% em 1993. Todas essas conquistas, também compuseram a base para os salários atuais.

Depois disso, tivemos a greve de 2000, que durou 56 dias, sendo uma das mais fortes da nossa história, começou antes da data base, espalhou-se como um rastilho de pólvora e conseguiu arrancar 24,52% de reajuste parcelado em três vezes. Sendo, 11,25% na data base, mais 6,7% em outubro e mais 4,9% em janeiro de 2001. Sem as conquistas daquela greve, nossos salários estariam muito abaixo do atual. Mas essa também foi uma greve, unificada com os estudantes, pois lutou em defesa da gratuidade do ensino nas universidades públicas, derrotando um projeto de lei que instituiria a cobrança de mensalidades!

Em 2004, depois do CRUESP insistir no congelamento dos salários, durante cinco tentativas de negociação, acabamos arrancando, com a força da greve, um reajuste de 7,05%.

Nos anos de 2005 e 2006, fizemos duas greves em defesa do aumento das verbas das universidades.

Em 2007 voltamos a lutar junto com os estudantes, pelos nossos salários, mas também em defesa da autonomia universitária, contra uma serie de decretos do então governados Jose Serra, que liquidavam a autonomia das universidades. Foram 56 dias de greve, sendo 51 dias de ocupação da reitoria. Com isso derrotamos o governador e seus decretos e arrancamos um reajuste de 4,87%.

Em 2009, arrancamos com a força da greve, uma das maiores conquistas da categoria e do sindicato. 5214 (cinco mil e duzentos e quatorze trabalhadores e trabalhadoras da USP que ocupavam vagas criadas de forma irregular pela reitoria, seriam obrigad@s, por determinação do tribunal de contas, a prestar um novo concurso público para vagas criadas pelo poder legislativo (ALESP), de acordo com a constituição. A maioria daquel@s companheir@s corria o risco de não passar no novo concurso e terminar desempregados. Com a força da greve e muita determinação, o SINTUSP, conseguiu abrir negociações com o tribunal de contas, que permitiram avançar para o reconhecimento e a regularização daquelas 5214 vagas garantindo assim a manutenção do emprego de 5214 trabalhadoras e trabalhadores da USP.

Em 2010, fizemos outra greve em defesa dos salários, sofremos desconto dos dias parados, em resposta, ocupamos a reitoria por mais de 30 dias e forçamos o reitor Rodas a pagar os dias que havia descontado. Nessa greve, além do reajuste salarial, arrancamos uma referência para tod@s funcionári@s e a nova carreira, implantada em março de 2011. Com a implantação da nova carreira conseguimos uma elevação de 29% no piso do grupo básico, 56% de elevação no piso do grupo técnico e 48% no do grupo superior. Além da elevação dos pisos salariais, a primeira e a segunda etapa do enquadramento, garantiu aumentos consideráveis dos salários para a maioria d@s funcionári@s. Sem dúvidas, essa foi uma das greves que arrancaram as conquistas salariais mais importantes da nossa categoria.

Em 2014, primeiro ano da sua nefasta gestão, o nefasto reitor Zago, iniciou um processo de demonização d@s funcionári@s da USP, responsabilizado-nos por uma suposta crise financeira da universidade, tentando impor um congelamento dos salários, bem como a desvinculação dos hospitais: HU e HRAC. Então iniciamos uma poderosa greve, que durou 118 dias, em defesa dos salários e da manutenção dos dois hospitais. Enfrentamos uma dura repressão, sofremos três meses de descontos de salários, mas, a categoria e o sindicato não recuaram e após praticamente quatro meses de greve, conseguimos arrancar um reajuste de 5,2%, mais a devolução dos salários que haviam sido descontados e conseguimos salvar um dos hospitais: o HU.

Se não fosse a greve, a combatividade do sindicato e da categoria, a reitoria teria desvinculado os dois hospitais e instituído o congelamento dos salários e dos benefícios e estaríamos hoje numa situação ainda mais difícil do que a atual.

Essas foram as principais conquistas da nossa categoria, arrancadas a partir das greves organizadas pelo sindicato e conduzidas com muita firmeza e determinação pela vanguarda organizada nos comandos de greve, impulsionados pelo nosso sindicato, mas, houve muitas outras, como o V.A, o VR e Auxilio Educação Especial.

Essa história de lutas e conquistas da nossa categoria é o que nos permite resgatar e atualizar o quanto foi importante para os trabalhadores e trabalhadoras da USP ter e contar com um sindicato combativo, independente do estado e dos patrões, para organizar e impulsionar as lutas por suas reivindicações. Esse resgate do papel imprescindível cumprido pelo SINTUSP, nessa trajetória de lutas e conquistas da nossa categoria, é importante nesse momento em que a categoria de conjunto precisará debater e tomar uma decisão sobre a manutenção e o fortalecimento político e financeiro do seu sindicato.