Um ode às Mães de Maio
Em greve, trabalhadores da USP lembram os 10 anos dos “crimes de maio”

Por: Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo do SINTUSP – 16/05/2016

No último dia 12 de maio, trabalhadores da USP em seu primeiro dia de greve, realizaram ato simbólico em homenagem à luta das Mães de Maio. Coincidentemente, esta data, além de ser o primeiro dia da greve marca o funesto aniversário dos crimes de maio de 2006.

Os crimes cometidos em maio de 2006, 493 execuções pelas polícias civil e militar contra jovens, na maioria negros, nas periferias de São Paulo, conforme números oficiais, caracterizando um extermínio premeditado do governo do estado de São Paulo, com anuência de grande parte da mídia e de setores reacionários da sociedade.

Devido a negligência do Estado sobre essas acusações, um grupo de mães resolveram se organizar para cobrar das autoridades uma apuração transparente dos casos, em vista que todos os inquéritos foram arquivados.

O ato organizado pela Secretaria de Negras, Negros e Combate ao Racismo, do SINTUSP (Sindicato dos Trabalhadores da USP), teve intervenções no início da assembleia, com uma rápida explicação sobre a luta e resistência dessas corajosas mulheres.

Dinizete Aparecida de Souza Xavier, funcionária da USP na área de saúde, ressalta a importância de lembrar do fato e dos que ainda continuam lutando: “este ato foi muito importante porque o ‘maio sangrento’, conforme denominado pela área médica, passou despercebido durante muitos anos. Ninguém mais lembrou e cogitou nada. Passaram-se os anos e o caso ficou banalizado como se algo simples tivesse ocorrido. Hoje, só quem está lutando por justiça são as mães que perderam seus filhos e alguns ativistas que se indignam com a morte de tantos jovens na periferia”.

Um dos fundadores do SINTUSP, Magno de Carvalho, observa que o ato remete às origens dos próprio sndicato: “Como parte da diretoria do Sindicato achei muito importante esta ação da Secretaria de Negr@s, em lembrar os assassinatos dos negros e dos pobres com essa intervenção na assembléia. A policia é um braço armado do Estado burguês, que mata principalmente os negros e os pobres. A história de luta do Sintusp contra esta polícia assassina e racista começou desde 1979 na época da ditadura”.

No final da assembleia, ocorreu a finalização do ato, tendo uma intervenção simbólica. Os trabalhadores amarraram uma fita preta no punho, simbolizando luto. E o ergueram, com punho cerrado, simbolizando resistência frente ao genocídio dos jovens negros e periféricos, pelas mãos genocida do Estado brasileiro.

Para Claudionor Brandão, técnico em ar-condicionado, integrante da diretoria do SINTUSP, o ato tem grande importância na luta pelo não esquecimento. “Essa intervenção foi de extrema importância, tanto do ponto de vista de resgate a memoria dos nossos mortos e a importância de que o fato não caia no esquecimento, condição pra que continue a luta pela apuração e punição dos responsáveis”.

Solange Conceição L. Veloso, funcionária da área de alimentação, Superintendência de Assistência Social (SAS), e diretora do SINTUSP, enfatiza a necessidade de se lutar contra o racismo do dia-dia durante as mobilizações da greve. “Foi muito importante que logo no início da greve a gente se lembre os dez anos de luta das Mães de Maio. A polícia mata os negros e  os pobres todo dia na periferia, por isso é importante que o sindicato também lute contra a opressão que os negros sofrem no dia a dia dentro e fora da USP. “

Os coordenadores da Secretaria avaliaram este ato de forma muito positiva, pois mostra que justamente nesta greve, que é um momento onde os trabalhadores estam lutando contra o desmonte da Universidade de São Paulo e contra todos os demandos da reitoria e do governo racista de Alckmin, a luta contra o genocídio do povo preto e periférico, deve ser uma batalha de primeira ordem para todos os trabalhadores.

Abaixo fotos do Ato…

Em breve…

ENCONTRO DE TRABALHADORAS (ES) NEGRAS, NEGROS DA USP