Mulher

19 março 2013

Dia Internacional das Mulheres

Todos os anos quando o Dia Internacional das Mulheres é lembrado parabenizam as mulheres pelo seu papel de mãe, esposa, namorada, mulher trabalhadora, que venceu na vida por ter um emprego. Vemos na mídia propagandas de lojas de doces, de bombons, floriculturas, perfumaria, cosméticos, etc.

Tudo isso é pra esconder o verdadeiro significado do 8 de março. Esta data é, na realidade, resultado de muita luta das mulheres trabalhadoras do início do século passado, em greves e manifestações que foram duramente reprimidas. Hoje, mais de 100 anos depois, a vida das mulheres trabalhadoras e pobres, mesmo com todo o avanço tecnológico, continua sendo extremamente precária.

Por isso, nesse dia 8 de março, as mulheres não tem o que comemorar! São as mulheres a maioria da população pobre no mundo inteiro, são as que ocupam os piores postos de trabalho, são as mulheres que têm que garantir todo o serviço doméstico mesmo depois de ter trabalhado o dia inteiro!

São as mulheres mais pobres e trabalhadoras as que terminam morrendo ou ficando mutiladas em consequências de abortos clandestinos. São as mulheres que sofrem cotidianamente todas as formas de opressão, desde a violência nas ruas, como nos locais de trabalho e dentro de suas próprias casas.

Nesse momento de crise mundial sabemos que os efeitos funestos disso recairão principalmente sobre a mulher trabalhadora e a mulher negra. A mulher trabalhadora, seja a assalariada ou a que é escravizada com as tarefas “do lar”, precisa se organizar, sabendo que a saída para todos estes problemas não é individual.

Apesar de no Brasil termos na Presidência da República uma mulher, isso não significa que as mulheres estão livres da opressão e seus direitos defendidos, pois, ao contrário Dilma está para votar no congresso a reforma da previdência que vai piorar ainda mais o tempo para trabalhadores e trabalhadoras se aposentarem, principalmente os jovens que estão começando agora no mercado de trabalho, ou seja, os filhos da classe trabalhadora. Também está para ser aprovado o Acordo Coletivo Especial (ACE) que troca o poder dos trabalhadores lutarem e se organizarem quando não pago seus direitos pela negociação direta entre Sindicato e patrão (trocar o legislado pelo negociado).

Aqui na USP, nós trabalhadoras não temos nada a comemorar nesse dia e sim protestar contra a privatização via terceirização e fundações de direito privado. Não dá para trabalharmos em paz em nossos locais de trabalho estando ao lado de trabalhadoras da higienização terceirizadas que prestam serviço pesado com o salário mínimo e sem direito a repousar quando adoentadas, pois se ficarem em casa no dia do atestado médico perdem a cesta básica. São tão escravizadas que tem de limpar o quanto for o tamanho do prédio com um número ínfimo de pessoal, e nos revolta, pois a empresa ganha da USP por metros quadrados.

Revolta-nos mais ainda saber que esse gasto para as empresas de limpeza lucrarem é da verba que sai do bolso desse mesmo povo explorado e das mulheres trabalhadoras. Ainda na USP, as trabalhadoras (os) e as estudantes (os) estão sendo processados pelo Reitor sob pena de suspensão, isso por protestarem contra a privatização da Universidade e contra a repressão, com o agravante da política da Reitoria de expulsar uma mãe estudante com seu filhinho da Moradia Estudantil. E a tentativa de destruir o Sindicato demitindo representantes como Brandão e tentando demitir outros dirigentes e as dirigentes sindicais como Neli, Solange, e Diana. E ainda falta muito que conquistar como a licença maternidade de um ano, fim das perseguições e fim do assédio moral, por saúde decente. Ao mesmo tempo repudiamos todas as formas de opressão que se expressam nas calouradas como foi o caso do “Miss Bixete” em São Carlos esse ano.

Por isso, para nós, trabalhadoras e trabalhadores, é fundamental compreendermos como o capitalismo, que nos explora enquanto classe trabalhadora, se aproveita e incentiva a opressão em prol dos lucros da classe dominante e da maior exploração do conjunto da classe. Neste 8 de março queremos levar as bandeiras que viemos discutindo na Secretaria de Mulheres do Sintusp, participando do ato unificado, mas deixando muito claro que a luta contra a opressão é uma luta contra a exploração capitalista e que precisamos denunciar este governo do PT que vem entregando os direitos das mulheres em troca de votos. Neste 8 de março devemos conformar um bloco classista e anti-governista, pelos direitos das mulheres trabalhadoras e das jovens!

Neste 8 de março exigimos…
Que os capitalistas paguem pela crise! Fora as tropas brasileiras do Haiti! Pelos direitos da mulher trabalhadora! Pelo fim da dupla jornada! Creches, lavanderias e restaurantes públicos! Salário mínimo do DIEESE! Efetivação de todos terceirizados sem necessidade de concurso público! Licença maternidade de 1 ano! Direito ao aborto legal, livre, seguro e gratuito! Basta de mulheres mortas por abortos clandestinos! Basta de violência contra as mulheres!

…e na USP continuaremos lutando
Basta de repressão, perseguição e opressão! Exigimos a reintegração de todos os estudantes expulsos e de Claudionor Brandão, diretor do Sintusp demitido! Arquivamento da denúncia do Ministério Público contra os 72 estudantes e trabalhadores da USP! Revogação de todas as suspensões! Retirada de todos os processos a trabalhadores e estudantes! Fora a polícia da USP, dos bairros e favelas! Por uma universidade a serviço dos trabalhadores e do povo pobre!